domingo, 5 de dezembro de 2010

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Fui criada para ser forte. Me disseram desde pequetitinha que eu era um projeto de mulher-de-verdade: aquelas que dão a cara a tapa e se impõe; que eu tinha que buscar mais que tudo ter força, muita força na vida.
E mesmo com toda essa coisa sempre fui muito sensível, sempre chorei por pouca coisa, sempre magoei-me por qualquer bobagem. As lágrimas, a vida toda, insistiram em banhar-me quando meu pai trocava o carinho por uma voz mais séria; quando algo me enfurecia; ao assistir a um filme com mensagem bonita e até só por chorar. Mas me contaram que isso era motivo de piada e nada bonito.
Quiseram, e conseguiram me convencer, que o cansaço não pode vencer de jeito nenhum. Que mesmo que ele ligue, bata a porta, envie flores e faça mil e uma declarações de amor não se pode cair na conversa dele, porque ele é daquele tipo cafajeste, que só quer se aproveitar. Quis, tantas vezes e outras, deixar-me iludir: desistir, mas tinha sempre alguém pegando no meu pé e pedindo força, força e mais força- que a vida não é fácil.
Me ensinaram também, muito cedo por sinal, que é preciso andar com a responsabilidade pegada junto a mão, que não se pode larga-la nem perder de vista, é preciso tê-la ali junto ao braço, porque assim é mais difícil de cair. Tentaram me fazer aprender, a pulso, pelas experiências alheias, é claro, sem êxito; e mais uma vez, exigiram de mim que não fraquejasse.
Delicadeza: aprendi que não é para todos, ou assim interpretei. Findei, dolorosamente, um belo romance que tinha com a meiguice, e agora, tento a todo custo reata-lo para que possa enfim reatar com meus outros amores.
Percebi, ao piscar de olhos e derrubar erroneamente uma gota doída, que tudo são teorias. E teorias se desmentem o tempo inteiro.

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